segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

acredito (quase que piamente) que sei o que quero, que estou firme
justifico (a mim mesma) o porquê de todos os sentimentos que sinto agora 
e que por algum motivo não cabem na minha razão (e quase não mais dentro de mim)
dissolvo palavras jogando-as ao vento
em conversas infundadas e infinitas
a palavra dividida pesa menos
por isso
e então só por isso me confesso
confesso-me então a estranhos que não me ouvem
estrangeiros que não me entendem
distraídos que não me vêem
ouvintes que só ouvem o que querem
assim me despedaço
me espalho um pouco no mundo
tiro metade do peso das palavras
por proferir metade só doou palavras leves
não é por você
não é pelo mundo
nem mesmo por mim
que carrego esse monte poeira
sou água corrente
e a poeira me acode
pelo simples fato de saber sentir
 sinto tudo
pelo dom de poder sumir
 apareço
por instinto posso engolir
 e cuspo
por vontade de lembrar você
 esqueço
então jogo palavras ao vento
meto palavras no mundo
jorro na ânsia de não transbordar
...
transbordar me insinua o desejo
desejo diário de me apaixonar
se então acreditar no que sinto
entrego o coração ao tempo
e junto vão palavras e destino
segurarei o coração no peito
antes que ele pule pra fora
sem pedir nem avisar
e os leões que esperam com inocência
comecem então a me devorar





quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

sentir - ouvir - olhar- ver - viver

ele tinha pressa
muita pressa
sempre as pressas
corria numa reta
girava numa curva
desviava por instinto
tinha a vista turva
pois não via
não ouvia
nada além
corria corria corria corria
não olhava os lados
não olhava os olhos
não via o caminho
só conseguia ver a frente
pois mirava o destino
depois de tanto correr
chegou ao destino tão desejado
acabou a pressa e então percebeu
o destino tornou-se o presente
tinha pressa em viver e não viveu
tinha pressa de chegar e só correu
não degustou o caminho
correu sozinho sozinho sozinho
não teve história pra contar quando chegou
então chorou
murmurou
e agora, com calma, a devagar
pelo mesmo caminho voltou
sem pressa
sem corrida
saiu da chegada
...
começou a vida