quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

você escreve em linhas retas
eu leio em linhas tortas
você é vento
eu sou voo
você é sol
eu sou lua
em quantos desencontros nosso encontro perpetua?
Me falta o ar pra seu amor
me falta ar pra o amor
Me falta amar sem ressentir
nos falta amar e ir


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Carta de Ana Para Caio - Fragmentos Azedos

Para Caio, deixo com essa carta um pedaço de mim.

Não para que mate a saudade, mas para que lembre o quanto eu lutei por nós,
e o quanto você desistiu.
Deixo nessas palavras o amor que não construímos juntos, o sexo que não tivemos, as vezes que tentei chamar sua atenção sem conseguir nada, nada além de um olhar terno. E as noites que chorei rezando para que qualquer ser que pudesse ouvir, me ajudasse a tirar essa dor do peito, ou que arrancasse esse amor de nós dois.
Você que por andar blindado pela vaidade não pôde ouvir o amor pedindo socorro, vai ouvir o eco do meu silêncio tilintando nas paredes dessa casa, porque até o silêncio vai fazer você se lembrar de mim. O meu cheiro em todos os panos, minhas mãos na sua barba, meu dançar em toda melodia, minha voz em cada palavra dos livros que líamos juntos, eu me revirando no seu estômago (sim, seu corpo quase intocado também vai sentir minha falta).
Tudo... tudo lembrará nós dois, até que você entenda, que amor só é amor quando se dá, que você me deu tudo a sua volta, e migalhas do que existe aí dentro. E já não me interessa ouvir o quanto você me ama, se não foi capaz de me fazer sentir amada no pra sempre que você me prometeu nos versos, e no mundo que construí com as histórias que você me contou.

Deixo essas palavras com a esperança de te entregar meu amor e partir em paz.
E quem sabe agora você consiga transbordar todo amor que guardou e que nunca soube me dar.

Com carinho,

Ana.



terça-feira, 4 de outubro de 2016

Presente de Ana

empresto o fogo para que me devolva em brasa
queima o tabaco pra não queimar a sala
assim de cara
me conta a história do mundo como se fosse sua
isso você faz como ninguém
as palavras cabem tão bem em sua boca que não entendo quem é o autor
desse conto, desses olhos que a Ana me mostrou
.
desce e deixa o perfume espalhado em meu pescoço
dança e se encosta inteira no meu plexo
confunde a minha cabeça que roda mais que meu corpo
me pede calma, e conta o tempo
gira comigo nesse xote enquanto o mundo, insiste em olhar
olha nos meus olhos, esquece a vida, deixa menina, o corpo falar
.
eu te levo tão bem, porque você me faz dançar
eu te toco meu bem, até o corpo transbordar
antes que o frio acorde o nosso peito quente
antes que o dia a dia venha afastar a gente
.
te peço um carinho
e vou embora de mansinho antes de o dia clarear
então caminho entre névoas pensando na gente
agradecendo o presente que foi ter você em mim
mandei flores coloridas pra retribuir o dia que me fez enrubescer
e as pequenas rosas brancas pra proteger sua semente
voa pra compôr, lindas canções de amor banhadas em água e sal
te desejo notas lindas, e palavras que te caibam como no dia de Ana fez
eu voou pra o lado imaginário, onde o tempo roda ao contrário
e eu te vejo outra vez



Presente de Ana

empresto o fogo para que me devolva em brasa
queima o tabaco pra não queimar a sala
assim de cara
me conta a história do mundo como se fosse sua
isso você faz como ninguém
as palavras cabem tão bem em sua boca que não entendo quem é o autor
desse conto, desses olhos que a Ana me mostrou
.
desce e deixa o perfume espalhado em meu pescoço
dança e se encosta inteira no meu plexo
confunde a minha cabeça que roda mais que meu corpo
me pede calma, e conta o tempo
gira comigo nesse xote enquanto o mundo, insiste em olhar
olha nos meus olhos, esquece a vida, deixa menina, o corpo falar
.
eu te levo tão bem, porque você me faz dançar
eu te toco meu bem, até o corpo transbordar
antes que o frio acorde o nosso peito quente
antes que o dia a dia venha afastar a gente
.
te peço um carinho
e vou embora de mansinho antes de o dia clarear
então caminho entre névoas pensando na gente
agradecendo o presente que foi ter você em mim
mandei flores coloridas pra retribuir o dia que me fez enrubescer
e as pequenas rosas brancas pra proteger sua semente
voa pra compôr, lindas canções de amor banhadas em água e sal
te desejo notas lindas, e palavras que te caibam como no dia de Ana fez
eu voou pra o lado imaginário, onde o tempo roda ao contrário
e eu te vejo outra vez



sábado, 10 de setembro de 2016

a gota

trago de verdades insanas
soma de metades inteiras
junção de migalhas amanhecidas
quem come farelo tem asas, e voa
se vive a espreita do amor não quer inteiro
se vivo a espera do amor sou tolo
sacode o mundo inteiro por dentro
apruma o peito e parte o tudo
e vai ligeiro a rua e corre e grita
e morre na avenida
e corre na estrada
em busca da vida que existe lá não sei onde
pro lado contrário da história que morreu há pouco
e pede um porto quando cansar de correr
e grita porque cansou de escutar
e chora quando cansar de conter
o rio que corre pro amar

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

desencontro a cores


eu não sei quem você é
não sei de onde veio
nem pra onde vai
...
por vários anos cruzei suas cores no meu quintal
e não pisei no futuro
acho que a vida avisa os passos
.
passado tempo me vi de frente
vento girando no compasso
.
ser gente consiste em respeitar
quando cruzo caminhos
peço licença a encruzilhada
com um pé atrás e o outro no chão
.
fico onde sou bem quista
atravesso a estrada quando olho envolta
a travessia é justa a intenção
.
se atravessei foi porque não te vi no caminho
no espaço
nem naquele coração
.
não havia ninguém além de nós
marcou meu peito marquei o canto
revirados lençóis
.
taças e quinquilharias amanhecidas
esquecidas
ansiedade precedia a colisão
.
no sol de carnaval três batidas
sincronizadas
a porta aberta arritmia
bateria na calçada
.
enquanto muito de mim lá dentro
nada de mim em mim lá fora
eu parti vazio a interrogação
.
seu peito chorava num abraço
meu corpo vagava oco
desencontro intenso do encontro a intenção
.
quarta cinza de silêncio
respeitando o sentimento
entendendo a invasão
.
virou as costas esperando afago
eu de frente esperando o abraço
peito aberto abraçou a confusão
.
e lutei por ela
chorei com ela
enquanto contando os cacos você esperava reação
.
finca o pé no mundo
ando pra o lado contrário ao seu
mas os ponteiros seguem o mesmo caminho
se nos desencontrarmos de novo
seja de verdade
e recolha o abraço avesso que me deu

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

ser inteiro

aparta o peito e pára
aporta o veleiro no meu porto
sou porto seguro
segura no amor
não bota ancora na água
se teu desejo é navegar
pede ao vento o voou
na proa do seu barco a vela
apronto um canto quente
seco seu pranto em meio ao mar
serei no seu barco passageiro
mas não será como fevereiro
desse barco, amor, eu não vou saltar

domingo, 31 de julho de 2016

decoração de fragmentos

quantas amoras caem do pé e se vão?
recorto o tempo e dobro
macramé decoração
pra ver se enxerga o espaço tempo em branco
a olhar de frente o vazio do papel peito
vê se encontra todos os nós
pensando em entender
entendendo o passar
mas no momento do sentir
só resta receber e respirar
pra ver se vai
pra ver se vem
pra ver se tem silêncio
vento em música assovio
que me embalam os vôos
as notas doces são gentis
acarinham a pele amor
enquanto plano aqueço
quanto ao plano esqueço
raciocínio se esvai
eu só a sentir
deixo o parto parir um começo
de repente a gente aprende com o novo
fecha os olhos
sente o vento de mãos dadas com o sol
deita no colo da terra que abraça a grama verde
e deixa a alma aterrissar
deixa que vá
deixa o corpo em vôo
deixa pra lá
o que já deixou






sábado, 30 de julho de 2016

eu me calei
eu falei baixo
eu falei brando
eu disse
eu gritei
e você não ouviu meu grito de socorro
a cada esquina eu morro
a cada esquina chora Chica, Maria, chora Rita
tentei explicar pra você, rapaz
que de boa intenção o inferno tá cheio
minha feminilidade não te refere
o meu nú não te pertence
o meu corpo não te fere
o meu sexo não existe pra te servir
eu me mostro pra mim mesma
o seu "elogio" causa uma imensidão de atos
feito efeito dominó e cai sobre mim, sobre nós
sobre todas nós a cada passo
a rua também me pertence
eu sinto o que você sente
sou igual
entendeu não?
não trisca, não rela, não me Toque!
a menos que eu permita
a minha alma grita toda vez que uma mulher é violada
o feminismo não te odeia
o feminismo não te quer mal
o feminismo quer que morra toda essa cultura patriarcal
eu vivi até pouco numa prisão
com tantas mulheres aprendi que não preciso passar por humilhação
pelo que sou
pelo que sei
pela minha cor
pelo meu sexo
sexo frágil só na fragilidade da sua visão
ignora o movimento que eu faço no mundo
eu não te ameaço eu somo a tudo
e quando você some, sou eu que crio o novo mundo
com um pedaço do mundo dentro de mim
ainda sim consigo o sustento com suor do trabalho
a dor no pé na barriga
a barriga pesando as costas
enquanto nos olhos lágrimas
os seios jorrando leite
e eu limpando a sujeira que você deixou
enquanto você vai viver o mundo
eu crio um mundo inteiro dentro de mim
você não reconhece
a sociedade não reconhece
hoje reconheço a força que existe aqui
tenho uma legião de mulheres junto a mim
eu as reconheço, elas me reconhecem, nós reconhecemos na nossa luta
que há tantas décadas, apenas acabou de começar
.
minha eterna gratidão a todas as mulheres que me fazem sentir
que eu nunca estou sozinha





terça-feira, 19 de julho de 2016

quando o mundo invade a vida

já parti mil corações
já tive meu coração partido em mil pedaços
carrego um mundo inteiro dentro de mim
preciso deixar bagagens no caminho
mala pesada me faz caminhar a passos lentos
meus pés doem
o peito pesa ao vento leve que me toca
preciso içar a vela que me leva a navegar
só o chão já não me basta
minhas asas estão cansadas
recorro ao mar
as ondas que me poupam o corpo
a água que liberta meu espirito
o sol que aquece o meu cavalo
a passos largos caminho sobre o mar
vento leve sopra o furacão que me habita
dentro
tempo ajuste a minha mente ao presente
eu quero descansar o meu sentir
o mundo as vezes me dói
não quero mais minhas vestes cheias de poeiras passadas
vistas
tocadas
toco mil vidas com meus olhos
sinto mil mentes em meus sonhos
recebo respostas sem nem mesmo questionar
pára um pouco os ponteiros
eu que sempre fui ligeiro
hoje quero descansar
sigo cochichando ao pé do ouvido
do meu peito explodido
que precisa respirar
sem fumaça tóxica
sem informações excessivas
sem poluição sonora
tanta intensidade
sensitividade
intensa-idade
a sabedoria vai descansar
os ouvidos
o peito
o passo
o nó desatar
desabafar
desconectar
desacelerar
descriminar
em tudo pede ar
então respira
e deita
mergulha
levanta com fé e sonha
com um dia novo ao desafogar


sexta-feira, 24 de junho de 2016

quarta-feira, 22 de junho de 2016

se entregou
e transbordou
entrou em mim
entrou em transe
ficou em extase
finquei as mãos no mar
por entre as bandas dalí
por entre as bandas de lá
friccionamos a pele
o ato de trasnpôr
esfregamos na cara do mundo
a forma de deixa-lo de lado
o jeito de ter a metade
e não se arriscar a dor
ficamos entrelaçados
e o tempo parou
ficamos a beira
ficamos de lado
e pelas ventas saltavam errupção
eu respirei você
eu engoli você
pra te fazer canção
saímos pela porta do amar
sem transoformar a amor
me fez incendiar
eu me fiz paixão
e quando eu acordei
só tinham lençóis
um travesseiro
e um vão










quinta-feira, 16 de junho de 2016

.

você pode compreender
mas nunca saberá como é sentir
o furacão que existe aqui dentro
.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

síntese

eu gost-ar-ia de dizer que já encontrei o caminho
mas ele continua
incerto
estreito
escuro
construí um muro
esmurro o oco
aturo o tempo vazio
meu peito quer puls-ar o sangue
meu corpo quer ferver o leite
minhalma quer jorr-ar
eu quero transbord-ar
preciso respir-ar
quero continu-ar
me deixe ilumin-ar o céu do chão
me faça não viver pra sempre invão
me ajude a reverter a dor
eu quero exclarm-ar o amor
rezo uma prece com fervor e devoção
a todos os santos que pude conhecer
pedindo auxílio exclussão
pedi pra eu me ter
ao te dizer sim, eu disse não pra mim
só eu posso mut-ar
só eu posso me am-ar
de dentro pra fora metarmofose-ar
e parafrase-ar o ritmo que estou
se vou desconexo
cutuo meu sexo
e voou


segunda-feira, 18 de abril de 2016

caso de urgência


quando sinto que posso esquecer algum detalhe 
passo no mercado, na fileira de shampoos 
só pra sentir seu cheiro de novo
como naquela manhã pós-banho 
quando eu saí com você em mim 
.
e seu cheiro me seguindo pelo caminho
.
escorrendo pelo meu corpo
.
e o perfume se agravando com o vento que batia em meus cabelos
(o mesmo vento que fechou a sua porta)
.
abro-o como um pote de memórias 
cheiro vagarosamente, como se meu rosto tocasse seus cabelos
e é como se você estivesse ali
aqui
em mim
não penso em usar (nem em fugir)
porque artifícios assim só podem ser usados em casos de urgência
casos sérios
como peder algum segundo das poucas horas
a memória é tudo que eu tenho de você
então eu escrevi esse poema
pra não esquecer tudo o que eu senti
quando suas luzes amarelas
tocaram em mim



segunda-feira, 28 de março de 2016

sobre o mundo que construí com todas as histórias que você me contou

sobre o mundo que construí com todas as histórias que você me contou
onde eu coloco todas as histórias que vivemos juntos?
e que não foram embora junto com quase todo meu sentimento
o que eu faço com essa memória que me aperta o peito?
eu desconstruí toda a idéia que tinha sobre o amor
revolucionei todo o amor que tenho por você
essa coisa de jogar fora o que foi de verdade não é pra mim
eu gosto mais é de reciclar o que foi bom, pra ser melhor
e pode ser
não consigo sentir sem doar
se não doar, não consigo não doer
e dói
e rói
e quanto mais aperta mais escorre
se não transbordar aqui
acabo jorrando em você, num surto de verdades
em caixa alta, a plenos pulmões, numa ligação sem fundamento, pra você
pra você que não ouviu todo o histórico do que venho sentido há tempos
desde o tempo que decidiu que apesar de ser, eu não era mais ninguém pra você
eu não sei desamar, e nem quero aprender
se o que eu sinto é meu, vou guardar aqui, assim, exposto
pra quem sabe um dia dividir com você, que já se dividiu tanto comigo
o que "restou" da nossa linda história de amor
o meu grande amor em preto e branco


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

eu passarinho, que Piah

luz amarela, madeira maciça
aquarela me atiça
quintal envolto em verde e metal
pegadas felinas
carinho que mantém meu ventre quente
e dentro da casa, ela
garrafas de vidro com flores amarelas
bromélias
janela e cores no concreto entre trepadeiras
e a beira do orgasmo, eu
esse seu olhar me desconcerta
conecta
me dá um tom familiar
seus cabelos cobrindo o pescoço
a mandala no dorso
nos meus lábios os poros
salivo seu arrepio
o balançar da rede embala o beijo
ensejo... me apaixonar
e tudo pára
nossos corpos conversam em silêncio
a luz de velas... a tal da luz amarela
ao fundo a trilha sonora começa a tocar:
"no giz do gesto o jeito pronto"
só não desacreditei porque ali, não tinha como duvidar
parece que você veio pronta
parecia que a vida apontava você em mim
eu acho que eu já sabia
a magia não pode durar muito mais 
sentada no quintal, percebi que o tal do tempo brincou comigo
no seu abrigo construímos o "nós" em uma noite
ao acordar com a claridade e te ver ali, iluminada
a janela enfeitada
respirei fundo... bem fundo!
me despedi do seu mundo, lindo mundo particular
voltei a poltrona de rodas que me levou pra perto
beijei o felino que tanto carinho me fez
recebi seu cheiro e o abraço que me arrebatou
então parti no trem de prata
e libertei você pra outro amor
que me arrastou pra longe 
longe da história que eu construí
naquela noite
dentro de mim

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

re-ação

mesmo com a relatividade de nossos papos
mesmo com a inconsistência dos nossos atos
mesmo com a distância dos nossos corpos
nada foi mais forte do que ver você partir daqui
agora
de dentro mim
não foi físico, foi quântico
não foi pensado, foi emocional
não foi sólido, foi líquido
e escorreu em mim
e rasgou a cor, e marcou a pele
e inchou os lábios, os olhos
e murchou os laços que ainda existiam em nós dois
e preencheu o que era vago
e encheu meu peito largo, de vazio
ar
a remar
rio acima, pra longe do que existia de nós dois
no caminho da minha corredeira fui deixando correr
com a água tudo que existia entre eu e você
foi pele, foi corpo, foi papo, foi alma, foi embora
foi a hora de me despedir
de tudo que existia, aqui, de você em mim!