domingo, 29 de agosto de 2010

Imprevisível querer

Quero o mundo.
Não agora.
Preguiça de fazer tudo novo, e de novo.
Querendo uma vontade que não passa.
Passa o dia e a vontade não alcança.
Tudo tão preto e branco.
Tudo tão normal.
Previsível!
Quero me surpreender com o óbvio.
Chega de sensibilidade pra sentir hoje o que tem que ser sentido amanhã.
Prevejo o mundo e não vejo a lucidez de fundo.
Confuso, traçando passos cada vez mais assim...
Hoje afirmações, as questões já se cansaram.
Respostas fugiram, saíram desvairadas pela noite.
Tem pó no céu.
Tem chuva no chão.
Tem véu na puta.
Noiva de meia-arrastão.
Tá virado, só vivendo.
Prevê os atos, mas não prevê o tempo.
Citando o que vem...
Sem terceiros, sem segundos, sem primeiros também.
Tá gozado, arrastado pra uma coisa sem sentido.
Vejo um baile de gala, e eu de baiana.
Brancos na senzala, e eu africana.
Andando feito cigana, no meio da corrida.
Pessoas a procura da chegada, e uma procurando a partida.
Achando o centro do mundo dentro de um mundo só.
Bate vezes por segundo, de tão rápido vira nó.
O sentido é não sentir-se são.
Sente tudo, sente nada.
Sabe tudo, sem palavras.
Quer o fruto, se não rápido amarga.
Afasta os móveis que dão sombra.
Corre pra sombra dá arvore e zomba.
Quer o que quer, o que faz sentido, não.
Não lembra da rosa no vaso.
Lembra do espinho e do arranhão.
É só o querer...
Quer o que quer, não quer o que vê.
Quer o que não sente, algum querer...
Sempre na ânsia do que não acontece todos os dias.
Acha o trivial sem sal.
Não gosta de rótulos.
Ser o que é.
Só deixar-se viver.
Na constante e gostosa vontade de não definir.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Não tem nome

Te ter e não ter amor, é pior do que ser só.
Amar e não ter amor a mim, é ter um triste fim.
O triste de acabar, é não ver o fim de amar.
E quando acaba sem fim de sentimento, é pedir pra ter tormento.
De ver o amor passar e não poder o sentir como sentia, porque nada mais é como queria.
Ser impulsivo, e tornar-se impotente.
Ser sensitivo, e podar os sentidos.
Ser sempre louco, e sentir-se são.
Ser transparente, e virar segredo.
Ser o que é, sem ser o mesmo.
Ter emoção e ter que toma-lá por razão.
Fazer da saudade a realidade.
Querer ter amor, e só ter a vontade.
Viver intensamente, e ver toda a intensidade vazar.
Querer voar, e sentir os pés presos ao chão
Sentir que amou em vão.
Sempre falar com propriedade, e de repente perder toda a vaidade pra pedir o amor de volta.
Ver o orgulho ir sem volta, e chorar como criança por não ter o que queria.
Olhar para o lado e não encontrar nada além da esperança que não vai embora.
É viver esperando o dia seguinte. 
É sonhar com que esse dia seja como todos os outros que passaram, porque lá tinha o coração inteiro.
É ter medo de não amar mais, de não sentir mais, de não permitir-se.
Inconscientemente a gente se obriga a viver as margens do passado.
A distância, a indiferença, intensifica tanto quanto confunde.
E quando o tempo passa, e muitas coisas começam a contecer, a gente pensa:
Ainda é amor?
É só saudades?
É desejo, vontade... ou só medo de não ser feliz assim outra vez?
À todos que viveram essas passagens.
Libertem-se do talvez.
O mundo está cheio de corações inteiros e partidos, esperando pra amar outra vez.

domingo, 1 de agosto de 2010

Volátil

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Tô aqui, tô lá.
Tô fria, tô quente.
Tô presente e ausente.
Ferroz, tô a tôa, tô calminha.
Tô fogo, tô foda, tô nada, tô tadinha.
Tô mulher, tô bicho, tô criança, tô rainha.
Tô na balada, tô na cama, tô em lençóis.
Tô diferente, tô igual, tô na minha, tô veloz.
Tô macho, tô puta, tô forte e fraquinha.
Tô na sua, na do mundo, tô na minha.
Tô na rua, tô crua, na estrada.
Tô a flor da pele, tô a flor de lís, tô rosa vermelha, tô raíz.
Tô paixão, ilusão, tô na teia.
Não sou eu estou.
Sou a ilustração perfeita da mudança.
Transcendendo as idéias que tinha, quando criança.
Tô na constante mudança da vontade.
Tô largada no mundo, livre de verdade.
Não me espera no porto, nem na porta da frente.
Se mudo a idéia do dia, vou pro lado contrário, respeito minha mente.
Tô querer, meu bem querer me quer.
Se te quero um dia não se prenda, tudo muda. Enfim, sou mulher.
Tô dilema. Não descreva o que não se pode relatar.
São hormônios por todos os lados, além deles a mente gira.
Muda o fundo, muda o mundo, muda o dia.
Eu giro meu mundo, se eu quiser ele fica parado e tudo parte de dentro de mim.
Tô teimosa, tô fera, poderosa, tô feliz.
Tô sincera, verdade, tô frágil, tô saudade.
Tô querendo além de tudo o que é de verdade.
Não ser e sim estar é um dom, talvez uma dádiva.
Fazer bobagens, falar a verdade e ainda sim ser sábia.
Tô tudo, tô nada, tô só, acompanhada, tô por um tris.
Tô aqui mudando as faces.
Ganhei a vida, largei o passado, o futuro é o presente.
Sou meu tudo, uma só, sou volátil, quase sempre.
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