quinta-feira, 25 de agosto de 2016

desencontro a cores


eu não sei quem você é
não sei de onde veio
nem pra onde vai
...
por vários anos cruzei suas cores no meu quintal
e não pisei no futuro
acho que a vida avisa os passos
.
passado tempo me vi de frente
vento girando no compasso
.
ser gente consiste em respeitar
quando cruzo caminhos
peço licença a encruzilhada
com um pé atrás e o outro no chão
.
fico onde sou bem quista
atravesso a estrada quando olho envolta
a travessia é justa a intenção
.
se atravessei foi porque não te vi no caminho
no espaço
nem naquele coração
.
não havia ninguém além de nós
marcou meu peito marquei o canto
revirados lençóis
.
taças e quinquilharias amanhecidas
esquecidas
ansiedade precedia a colisão
.
no sol de carnaval três batidas
sincronizadas
a porta aberta arritmia
bateria na calçada
.
enquanto muito de mim lá dentro
nada de mim em mim lá fora
eu parti vazio a interrogação
.
seu peito chorava num abraço
meu corpo vagava oco
desencontro intenso do encontro a intenção
.
quarta cinza de silêncio
respeitando o sentimento
entendendo a invasão
.
virou as costas esperando afago
eu de frente esperando o abraço
peito aberto abraçou a confusão
.
e lutei por ela
chorei com ela
enquanto contando os cacos você esperava reação
.
finca o pé no mundo
ando pra o lado contrário ao seu
mas os ponteiros seguem o mesmo caminho
se nos desencontrarmos de novo
seja de verdade
e recolha o abraço avesso que me deu

Nenhum comentário:

Postar um comentário