quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sem lugar

De repente, não mais que de repente...

Novamente se sentiu um pássaro fora do ninho
As asas não serviam mais, pois voar em liberdade era bom, mas não tinha onde pousar
Mais uma vez não tinha ninho, tinha um céu vazio, estava só passarinho, sozinho

Sem ter raízes encrustadas em terra nenhuma, porque terra nenhuma fazia brotar
Aquela que estava florindo, se encolheu e voltou a semente, estava novamente uma terra a procurar

Como um cavalo, com as pernas fortes, cascos duros
Com capacidade e instinto para correr, veloz, destemido, não tinha mais abrigo
Mais uma vez caminhava sem estrada, sem rumo, sem prumo
Estava só cavalo, sozinho, a procura incessante de um caminho

Um peixe fora d'agua, que se debate, sem poder nadar
Pois não tem casa, não tem mar, sem ar estava, só, o peixe, a procurar

O bicho homem, que tinha sonhos, sonhos lindos e queria concretizar
De repente se viu acordado, se viu acuado, pois acordado não sabia sonhar
Procurava lá no fundo a criança que um dia foi, que sabia usar a imaginação
Mas não encontrava...
Já era grande, aprendeu acreditar na razão
Cade o menino que fui um dia?
Não achava não

O bicho homem quer gritar, explode por dentro, quer pular
Está sem contento, quer cantar
O bicho homem não consegue sonhar
O bicho está sem leito, com um buraco no peito, e quer amar
Está sem jeito, está sem caminho, quer caminhar
O bicho homem quer correr, quer nadar, quer voar
Mas desaprendeu o caminho
O bicho homem não consegue sonhar


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