segunda-feira, 29 de abril de 2013

Um conto

se eu dissesse que caminhei devagarinho
estaria mentindo
estava distraída ao ponto
de nem enxergar que havia um caminho pra nós dois
pra mim era amizade (o que já era bom)
e nada mais
a vida e suas voltas me surpreenderam
(mais uma vez)
e dessa vez
foi pra arrebatar
o coração

como se começa uma história de amor?
Era uma vez uma amizade
floriu, coloriu, desabrochou...


o menino da vila
(ressabiado com o amor)
a menina da praça da árvore, sem árvore
(nem flor)


ele disse a ela uma vez
como quem conta uma piada
- É menina, tem alguma coisa a mais entre a gente.
ela entendeu tudo, e quase nada
nessa noite se abraçaram com inocência
como quem tem amizade de criança
mas ele já tinha dado a deixa
ela guardou
(escondeu nas lembranças)

um dia como quem não quer nada
nada além de abraço
e ouvido bom de ouvir lamentação
ela que falava do coração ferido
abraçou o amigo e perdeu o chão
eles bebericaram
jogaram conversa fora
e junto toda aquela lamuriação
esqueceram o passado
viveram o momento
perderam a tal da "razão"

ela não podia ir pra casa
ele ofereceu leito e atenção
ela aceitou fingindo inocência
(já tinha fogo atiçando o coração)

ela deitou (calada)
ele deitou (também)
ela ficou ressabiada
com aquela barba
(e o que vinha além)
ele fez um cafuné
e pediu gentilmente um beijinho
ela disse: Não menino!
ele disse: Deixa... vou devagarinho.

ela então cedeu
a vontade que já tinha (contida)
ele beijou como prometeu
devagarinho com delicadeza
ela tremeu, mas continuou
(mesmo sem certeza)

ele como cavalheiro
convidou-a para a cama maior
ela negou com biquinho
de quem pede insistência
ele insistiu
ela quase pediu clemência

mais uma vez cedeu
aos encantos do belo rapaz
foi pra cama maior
(a moça já não era tão fugaz)

ali naquela noite os dois não tinham pretensão

ela queria pouco
ele quase nada

tudo era só de brincadeira
paixão?
Rá... era uma piada!

hoje conto essa história
feito narrador feliz
pois assisto os feitos do destino
não é como ele ou ela quis

eles não planejaram
mas a vida trouxe coisa melhor
o menino da vila
já não tinha medo do amor
a menina da praça da árvore, sem árvore
descobriu que era flor

eles começam agora
a caminhar juntos (de vez)
mais pra frente eu volto
pra contar as peripérsias
do danado destino, outra vez





















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